Cotação das principais moedas do mundo na semana
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Semana de fortes emoções no cenário internacional e também para as principais moedas. Em primeiro lugar, os principais vetores de impacto sobre as moedas são os dados vindos dos EUA – especialmente o PIB do 4º trimestre -, o PIB da Zona do Euro e os desdobramentos do Brexit.
Nesta última terça-feira, a Câmara dos Comuns votou novamente o acordo sobre o Brexit. Algum respiro foi dado à Primeira Ministra Theresa May, uma vez que alguns pontos de seu acordo foram favoravelmente aprovados.
Entretanto, grande ceticismo permanece sobre um possível rali na Libra Esterlina (GBP). Sua reação à sequência de votos dos parlamentares britânicos precifica de forma mais exata o atual cálculo de probabilidades em torno do Brexit.
Diante da nova confirmação de um Brexit difícil, inclusive pela resistência do Parlamento Europeu em renegociar os termos do acordo, considerando ainda o fato de que muitos dos aspectos mais favoráveis à libra esterlina estão descartados, o risco de que a moeda britânica caia ainda mais (especialmente em relação ao dólar e ao Euro) é bastante grande.
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O Real, por outro lado, continua se fortalecendo, conforme avançam favoravelmente o balanço de probabilidades em prol de uma aprovação das reformas. O mercado está claramente apostando suas fichas na aprovação da previdência e nas privatizações. Entre sexta (25/01) e quarta-feira (30/01) o Dólar comercial passou de R$ 3,7708 para R$ 3,6925.
Neste interim, conforme esperado, o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, deixou as taxas de juros inalteradas, após a conclusão da primeira reunião do ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). A autoridade monetária manteve a taxa de juros em um intervalo de 2,25% a 2,5%.
Sem novidades do lado do Dólar, com o cenário em torno da Libra e do Euro se confirmando, o Real ganha espaço (e preferência) dentre as escolhas dos investidores.
De acordo com o Índice de Câmbio (IC-AE), que mensura o movimento do Real em relação às principais moedas do mundo, a moeda brasileira segue registrando novos patamares – com uma tendência à valorização no curto prazo. Cabe lembrar que a alta do índice representa a desvalorização do Real frente às demais moedas.
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Reiteramos, portanto, que a cada novo compromisso estabelecido pelo Governo em prol da aprovação das reformas e da manutenção das incertezas externas, o Real se fortalece.
Até que ocorra alguma reversão do cenário, podemos esperar um Dólar na casa dos R$ 3,60, mas o cenário base ainda é de manutenção do câmbio no intervalo de R$ 3,70 e R$ 3,80.
Seguimos de olho.
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.