Investidor qualificado é uma categoria que permite acessar produtos financeiros que não são disponibilizados ao público. Isso porque se destinam a pessoas que comprovaram um certo grau de conhecimento e experiência sobre o mercado financeiro. Assim, possibilita o acesso a esses ativos diferenciados.
Por isso, além de saber o perfil (conservador, moderado ou arrojado), é importante avaliar o enquadramento em investidor de varejo ou qualificado. Afinal, é sempre interessante ampliar as alternativas e ter novas maneiras de diversificar a carteira de ativos.
Neste conteúdo, esclarecemos as principais dúvidas e apontamos 5 passos para se tornar um investidor qualificado. Continue a leitura!
O que é um investidor qualificado?
O investidor qualificado é a pessoa com acesso a produtos financeiros restritos, tendo em vista o preenchimento de requisitos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A ideia é que, ao atender critérios, a pessoa estaria apta a acessar investimentos que, pela complexidade ou exclusividade, não são abertos ao público.
No art. 9 – B da instrução normativa 539, encontramos quatro possíveis enquadramentos:
I – investidores profissionais;
II – pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$1.000.000,00 (um milhão de reais) e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor qualificado mediante termo próprio, de acordo com o Anexo 9-B;
III – as pessoas naturais que tenham sido aprovadas em exames de qualificação técnica ou possuam certificações aprovadas pela CVM como requisitos para o registro de agentes autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores de valores mobiliários, em relação a seus recursos próprios;
e IV – clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por um ou mais cotistas, que sejam investidores qualificados.
Vejamos cada um deles com mais detalhes!
1. Investidor profissional
O investidor profissional é uma classe em que estão incluídas pessoas e organizações que exercem atividade econômica no mercado financeiro. São exemplos os administradores, analistas e consultores de valores mobiliários, bem como as instituições financeiras e fundos de investimento.
2. Pessoa física ou jurídica com R$ 1 milhão em ativos
Já o investidor com mais de R$ 1 milhão em investimentos demonstra ter o conhecimento e experiências pela quantidade de recursos. No entanto, para poder se habilitar como investidor qualificado, precisa realizar uma declaração específica junto à corretora ou instituição financeira escolhida.
Nesse termo, a pessoa atesta ter os conhecimentos necessários para acessar os ativos restritos, especialmente em relação à gestão dos riscos envolvidos. Veja que o conhecimento e a experiência são uma preocupação constante para possibilitar o investimento qualificado.
3. Certificações e exames
Outro caminho é realizar exames de qualificação técnica ou possuir certificações reconhecidas pela CVM. É possível preencher o critério em cursos nos quais, ao final, recebe-se o certificado de conclusão. Ou ainda, a pessoa pode realizar provas que reconheçam a proficiência no mercado financeiro.
Entre as mais comuns, encontramos as seguintes credenciais:
- agente autônomo de investimentos (AAI);
- planejador financeiro (CFP);
- gestor de recursos de terceiros (CGA);
- assessor de investimento (CEA);
- analista de investimentos (CNPI).
É um caminho interessante para quem deseja trabalhar nesse mercado. Além disso, entre as opções disponíveis, é a mais acessível junto ao critério financeiro.
4. Clubes de investimentos
O clube de investimentos, por sua vez, é uma entidade civil em que pessoas se reúnem para atuar no mercado financeiro. Se um dos responsáveis pela gestão tiver o nível de investidor qualificado, a associação pode ser beneficiada com o acesso aos ativos restritos.
Quais as diferenças entre as classes de investidores?
Além do investidor qualificado, existem outras duas classes: o investidor profissional e o investidor de varejo. É interessante dizer que o investidor profissional, simultaneamente, pode se habilitar para ter acesso aos produtos restritos.
Investidor de varejo
O investidor de varejo é uma pessoa com acesso comum. Isto é, quem pode investir nos ativos abertos ao público em bancos e corretoras de valores.
Vale ressaltar que é possível aumentar as opções para sua carteira de investimentos, mesmo estando nesta categoria. Isto é, os produtos exclusivos de investidores qualificados não são as únicas possibilidades no mercado financeiro.
Um bom exemplo é investir no exterior. Ao abrir uma conta estrangeira, é possível fazer a remessa dos valores para o exterior, bem como receber dinheiro com muito mais facilidade e segurança.
Investidor profissional
Como visto, os critérios para ser investidor profissional estão relacionados principalmente às atividades econômicas. Confira as opções previstas na resolução 539 da CVM:
I – instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil;
II – companhias seguradoras e sociedades de capitalização;
III – entidades abertas e fechadas de previdência complementar;
IV – pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$10.000.000,00 (dez milhões de reais) e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor profissional mediante termo próprio, de acordo com o Anexo 9-A;
V – fundos de investimento;
VI – clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por administrador de carteira de valores mobiliários autorizado pela CVM;
VII – agentes autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus recursos próprios;
VIII – investidores não residentes.
Perceba que, dependendo da situação, o preenchimento dos requisitos para ser investidor qualificado pode ser mais fácil por essa via. Um exemplo é quem já é administrador, analista ou consultor de valores autorizado a atuar pela CVM.
Contudo, também há situações em que será mais difícil por esse caminho. O critério de recursos investidos, por exemplo, seria de R$ 10 milhões nessa modalidade. Portanto, é mais fácil se habilitar diretamente pelo critério de R$ 1 milhão investido.
Investidor qualificado
Por fim, temos um investidor qualificado. Os seus requisitos estão relacionados a competência e experiência para realizar os aportes em produtos restritos ao público. Isso pode ser alcançado pela capacitação, por certificações, atuação profissional ou pela pessoa já ter mais de R$ 1 milhão em investimentos.
Quais são os 5 passos para se tornar investidor qualificado?
Para quem preenche os requisitos, o passo a passo para se tornar um investidor qualificado não apresenta grandes complicações. Podemos listar 5 etapas principais:
1. Pesquise o modelo de requerimento da corretora de valores
A habilitação é comprovada diretamente com a instituição financeira ou corretora de valores em que se deseja acessar os investimentos qualificados. Logo, como ponto de partida, procure qual é o método de envio do requerimento.
2. Demonstre os critérios para ser investidor qualificado
O passo seguinte é comprovar o preenchimento dos requisitos para ser investidor qualificado. Isto é, será preciso demonstrar ter R$ 1 milhão investido, ter a certificação, ser investidor profissional ou gerir um clube de investimentos.
3. Encaminhe o termo específico de investidor qualificado
Na corretora de valores ou instituição financeira, será possível obter o modelo de requerimento para cada caso. Para as pessoas com mais de R$ 1 milhão em investimentos, haverá também um termo escrito que confirma a condição de investidor qualificado.
4. Acompanhe o pedido
Dependendo da corretora ou instituição financeira escolhida, o canal para enviar a documentação pode ser presencial ou digital. Hoje, é possível realizar o procedimento por e-mail em algumas empresas. Na prática, não há grandes burocracias, bastando consultar a documentação necessária junto à instituição e preencher os requisitos.
5. Verifique se a documentação foi aprovada
Para finalizar, o interessado deve aguardar o retorno da instituição escolhida. Caso seja apontada alguma inconformidade, será preciso resolver as pendências. Ao final, se tudo estiver correto, obterá a aprovação, assim como o acesso às novas alternativas de investimentos.
Quais são as vantagens de um investidor qualificado?
As diferenças entre investidores comuns e qualificados dizem respeito a acessar ativos que não estão disponíveis ao público em geral. Isso não significa que essas oportunidades sejam necessariamente melhores, sendo indispensável avaliar os riscos dos investimentos.
1. Diversificar os investimentos
Nesse sentido, o investidor qualificado tem mais opções para diversificar os investimentos. Na prática, pode acessar tudo aquilo que está disponível para o investidor comum, acrescido de oportunidades exclusivas.
2. Obter condições mais favoráveis de negócios
Considerando que, muitas vezes, o requisito financeiro é utilizado para acessar a condição de investidor qualificado, naturalmente as corretoras têm interesse em atrair esse público. É possível, por exemplo, existirem ativos com rentabilidade superior àqueles abertos para o investidor de varejo.
3. Ampliar as alternativas para o perfil arrojado
Como característica dos produtos reservados, muitos deles são ativos com maior potencial de rentabilidade, mas que também apresentam riscos. Inclusive, é uma das características da categoria ter capacidade para avaliar esse tipo de situação.
4. Obter acesso a investimentos no exterior
Os investidores qualificados também costumam ter mais acesso em relação a investimentos no exterior. Portanto, podem expor o patrimônio a ativos em moeda estrangeira, diversificando ainda mais a carteira de investimentos.
Quais são os investimentos mais comuns?
A lista de investimentos exclusivos para o investidor qualificado varia bastante entre as corretoras. Podemos encontrar os principais produtos financeiros, por exemplo:
- debêntures;
- certificados de recebíveis imobiliários;
- fundos de investimento em empresas emergentes;
- fundos de venture capital;
- certificados de recebíveis do agronegócio;
- fundos de investimento no exterior;
- fundos de investimento em direitos creditórios;
- fundos de investimentos imobiliários.
Um cuidado é avaliar bastante o risco dos ativos oferecidos. Muitas vezes, os produtos envolvem questões como recebimento de dívidas, negócios em estágio inicial ou investimentos fora do país. Por isso, estão separados para investidores com mais conhecimento e experiência.
É algo que pode ser enxergado quando verificamos os critérios definidos pela CVM para classificação dos produtos financeiros.
Riscos associados ao produto e seus ativos subjacentes
Certos ativos são destinados conforme o perfil e classe de investidor, tendo em vista os riscos associados aos ativos. Assim, não é incomum encontrar produtos com alta volatilidade e renda variável em meio aos reservados.
Perfil dos emissores e prestadores de serviços associados ao produto
Um segundo critério são as organizações relacionadas ao ativo. Por exemplo, uma debênture de uma grande empresa tende a ser mais segura que de uma organização em fase de crescimento.
Existência de garantias
As garantias de recebimento também contam bastante. Um bom exemplo são os produtos ligados à compra de dívida, em que o investidor precisa ficar atento às chances de inadimplência como parte da operação.
Prazos de carência
Também é preciso avaliar o tempo em que os produtos podem ser pagos. Tudo isso vai afetar o risco e a complexidade do investimento, podendo influenciar a decisão de quais classes de investidores terão acesso — se os comuns ou apenas os qualificados.
Qual a diferença entre classe de investidor e perfil de investimento?
Um cuidado é não confundir o perfil de investidor e classe. Enquanto a classe se divide em profissional, qualificado e de varejo, o perfil de investidor diz respeito à tolerância a riscos:
- conservador;
- moderado;
- arrojado.
Em geral, o perfil conservador chega a ter 90% ou mais de ativos em renda fixa. Afinal, seu intuito é ter um retorno mais previsível, como acontece em títulos da dívida pública, CDBs e CDIs.
Por sua vez, o moderado já aceita assumir uma quantidade razoável de riscos, equilibrando com uma parcela considerável de investimentos em renda fixa. Normalmente, a composição dessas carteiras conta com 80% de renda fixa e 20% de renda variável.
Já o arrojado é aquele com maior tolerância a riscos, buscando ativos com grande potencial de valorização. É comum mencionar as carteiras desse tipo de investidor como sendo 70% de renda fixa e 30% de renda variável.
Perceba que, entre os produtos para investidor qualificado, pode haver alternativas para todos os três perfis. Nada impede, por exemplo, de se encontrar uma debênture de uma empresa boa pagadora, tendo um produto de renda fixa.
Por outro lado, o fato de um produto ser exclusivo não significa que, necessariamente, valem a pena. Por isso, é importante estudar bastante sobre os ativos e, quando escolhidos, tentar diversificar a carteira para mitigar os riscos.
Na prática, a tendência é existirem boas alternativas para o investidor qualificado, especialmente por ser um público interessante para as corretoras de valores. O ideal é sempre estar atento às alternativas oferecidas pelo mercado financeiro, no Brasil e no exterior.
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Resumindo
Investidor qualificado é uma categoria com acesso a produtos financeiros que não estão disponíveis para o investidor comum.
Entre outros casos, as pessoas com mais de R$ 1 milhão em investimentos podem se habilitar para serem investidores qualificados, mediante declaração específica.
A habilitação para acessar produtos restritos aos investidores qualificados é realizada junto à corretora de valores ou instituição financeira escolhida.