O capital estrangeiro e os IPOs

Veja como o capital estrangeiro está se comportando nos IPOs deste ano no Brasil e porque algumas empresas brasileiras preferem abrir capital nos Estados Unidos.

Além de termos rompido a barreira histórica (e também psicológica) dos 100 mil pontos em nossa Bolsa de Valores, outro ponto interessante para analisar quando o está agitado são as aberturas de novas empresas na , os conhecidos IPOs (sigla em inglês para inicial de ).

Ainda estamos bem longe do recorde de companhias estreantes na visto em 2007 (foram 76 ofertas de , sendo 64 IPOs e 12 follow-ons), mas 2019 deve fechar com um número interessante. Até agora já tivemos os IPOs de Centauro, Neoenergia, Vivara e este mês ainda teremos a C&A e o banco BMG.

Mas se colocarmos na conta o as ofertas subsequentes, os follow-ons, que são quando empresas que já tem na oferecem mais , o número é expressivo, foram 22 e tem mais uma agora, do Banco do Brasil.

De acordo com a Anbima (), se dermos um passo além, o volume de recursos captado em ofertas públicas de renda fixa e variável já superou a captação de todo o ano de 2018, constituindo o maior volume da série histórica iniciada em 2013. Até setembro, o valor chegou a 335,1 bilhões.

E o capital estrangeiro nos IPOs

Quando olhamos as ofertas subsequentes, tivemos 53,1 bilhões movimentados e 4,5 bilhões nos IPOs (isso até setembro, desconsiderando Vivara para frente).

Já quando a análise é voltada para quem foram os participantes das ofertas de ações, temos algumas mudanças.

Por enquanto, tivemos um declínio na participação do dinheiro estrangeiro em empresas brasileiras, passou de 44,6% do volume de janeiro a setembro de 2019, contra 63,7% no mesmo período de 2018. Nos anos anteriores ainda não tínhamos observados participações inferiores a 50%. Tal fato ajuda a explicar porque tivemos tantas ofertas subsequentes e nem tantos IPOs, que são dependentes de capital estrangeiro.

Por um lado, reflete o lado mais cauteloso do estrangeiro que lida ainda com pontos de atenção como a guerra comercial entre e China e o risco de desaceleração global, o que faz com que a ida do dinheiro não seja direcionada a países mais vulneráveis e emergentes, caso o Brasil.

Contudo, pela outra ponta reflete como o ânimo brasileiro, visto especialmente sob a ótica dos gestores de fundos de investimentos, é bem positiva. Como o investidor local está mais otimista, acredita que as reformas necessárias ao país ocorrerão, bem como que o país dará uma guinada, não se retrai e migra para os investimentos.

Mas o investidor estrangeiro ainda não viu essa guinada liberal, nem como a equipe econômica do atual governo mudará a situação do país. Enquanto espera e monitora os riscos externos, não participa mais ativamente de investimentos no Brasil.

Porém, acreditamos que seja apenas um período de observação. Um fator que pode ajudar a melhorar a percepção dos investidores estrangeiros pode ser ver empresas brasileiras como a rede de restaurantes Madero e o grupo XP Investimentos abrirem capital no mercado americano. Se elas provarem o seu valor, as reformas acontecerem e o crescimento voltar a aparecer por aqui, o capital estrangeiro volta ao mercado nacional.

Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante. Possui uma conta no Instagram sobre finanças pessoais e economia: @glendamara_ferreira

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