Durante a semana, houve estabilidade no cenário externo, impulsionada pelas declarações de Jerome Powell, do Fed, sobre a estabilidade dos juros nos EUA e por dados econômicos que sugerem alguma acomodação da atividade econômica. No Brasil, a volatilidade aumentou em antecipação à reunião do Copom, que resultou na redução da taxa Selic em 0,25 p.p. A votação revelou divisões no Banco Central, com interpretações sobre possíveis impactos futuros. Na Zona do Euro, indicadores positivos foram seguidos por discussões sobre futuros cortes de juros pelo BCE.
Quer saber mais sobre Brasil, EUA, Zona do Euro e Reino Unido? Acompanhe a seguir os desdobramentos destes e outros acontecimentos.
Real x dólar
Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,0682 na segunda-feira (06/mai), um nível 0,6% superior à abertura da semana anterior (29/abr). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (10/mai) cotado a R$5,1446, patamar 0,7% superior à abertura da sexta-feira anterior (03/mai). Entre as aberturas desta sexta (10/mai) e da segunda-feira da semana anterior (29/abr), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 0,6%.
A semana foi marcada por um cenário externo mais ameno após falas da liderança do Fed, Jerome Powell, sobre não haver expectativa de aumento de juros e informações de emprego que indicam sugerem acomodação da atividade econômica, favorecendo um cenário de início da queda de juros a partir de setembro nos EUA. No Brasil, a alta volatilidade se deu pela espera da reunião do Copom realizada entre terça-feira (7) e quarta-feira (8) onde decidiu-se pela redução em 0,25 p.p. da taxa Selic, de 10,75% a.a. para 10,50% a.a.
A questão que levantou maior volatilidade sobre o Copom realizado essa semana é que após muito tempo houve um “racha” na votação das lideranças do Bacen, em que a equipe instalada no governo anterior votou por quebrar o guidance dado de redução de 0,50 p.p., “de mesma magnitude”, informado na divulgação do Copom anterior, enquanto que os diretores contratados durante o atual governo votaram pela redução de 0,50 p.p, 5×4, portanto.
Para parte do mercado financeiro, esse racha representa uma indicação de maior politização dentro do Bacen e que a próxima gestão a ser eleita para início em 2025 poderá ter menor independência frente ao governo atual e maior tolerância ao risco inflacionário no país, uma vez que a política fiscal enfrenta um cenário muito desafiador de ser levado a cabo.
Não obstante, todos os 9 votantes concordam que o cenário global incerto e o cenário doméstico demandam maior cautela e uma postura mais contracionista por parte do Bacen até uma maior consolidação do processo desinflacionário. Após o corte na Selic, o mercado continuou volátil e com subida do Dólar frente ao Real, tendo fechado a quinta-feira (09/05) com aumento de 1%.
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Real x euro
O euro abriu o pregão de segunda-feira (6/mai) cotado a R$5,4550. Na abertura desta sexta-feira (10/mai), a cotação foi de R$5,5428. Portanto, houve uma desvalorização de 1,6% do real frente à moeda europeia, mantendo o movimento de desvalorização que foi observado na semana anterior.
Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0763 na segunda (6/mai) para US$1,0781, nesta sexta (10/mai). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,2% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).
A semana na Zona do Euro iniciou com dados positivos do PMI Composto, tanto na região como um todo como também nas duas principais economias do bloco, Alemanha e França. Importante destacar que estes três indicadores ultrapassaram a fronteira na neutralidade (50 pontos), o que significa expansão da atividade econômica.
No entanto, o destaque da semana concentrou-se nas questões ligadas à política monetária. No início da semana, o economista Philip Lane, membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE), em entrevista a um jornal espanhol, voltou a mencionar a melhora na confiança de que a inflação está convergindo para a meta estabelecida e que um corte na taxa de juros estaria próximo.
Por fim, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou hoje (10) a ata da sua reunião de abril. O comunicado seguiu os passos traçados por Lane, indicando que o mercado já precificou o corte de juros em junho (06) e vislumbra mais dois cortes no restante do ano.
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Real x libra esterlina
A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (06/mai) cotada a R$6,3588, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (10/mai), R$6,4386. Trata-se de uma desvalorização de 1,3% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.
Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força essa semana, revertendo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (10/mai) cotada a US$1,2524 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2546, uma desvalorização de 0,2% da moeda britânica em relação ao dólar.
No Reino Unido, um dos destaques foi a decisão de política monetária pelo Banco da Inglaterra (BoE). Embora a autoridade monetária tenha decidido manter a taxa de juros inalterada, dois membros votaram a favor do corte enquanto na reunião anterior, apenas um havia votado pela redução.
Assim como no caso do Banco Central Europeu (BCE), no BoE há indicativos de que o afrouxamento monetário está se aproximando mesmo com a possibilidade de o Banco Central dos Estados Unidos (Fed) manter a taxa de juros inalterada até setembro.
Por fim, os dados macroeconômicos de atividade econômica mostraram a saída do Reino Unido da recessão. A prévia do PIB do primeiro trimestre acelerou 0,6% ante 0,4% previsto pelo mercado. No último trimestre de 2023 o PIB tinha reduzido 0,3%. A produção industrial de março cresceu 0,2%, acima do previsto pelo mercado (-0,5%), mas uma desaceleração na comparação com fevereiro que havia crescido 1,0%.
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Perspectivas
O mercado cambial ainda deve oscilar digerindo a última decisão do Copom, principalmente pela divisão interna sobre a magnitude do corte na taxa de juros. Os dados do IPCA pouco acima do que o mercado estava prevendo poderá se tornar uma justificativa plausível para a decisão do Banco Central.
Na semana que se inicia, no âmbito doméstico, o destaque fica para a ata do Copom, onde o Banco Central poderá sinalizar os próximos passos na condução. Ademais, a divulgação de mais um índice de preços (IGP-10) poderá dar mais pistas da trajetória inflacionária.
Já no âmbito internacional, as atenções ficam para os Estados Unidos. A semana terá um discurso do presidente do Fed um dia antes da divulgação do IPC (preço ao consumidor), grande bússola para as próximas decisões do FED, ademais, haverá também a divulgação do IPP (preço ao produtor).
Seguimos de olho