De Olho no Câmbio #284: volatilidade e recuperação do real depois de ataque especulativo

No início da semana, o Real sofreu forte desvalorização frente ao Dólar devido a incertezas sobre o compromisso fiscal e críticas de Lula à política monetária. Contudo, após um acordo entre Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para cumprir metas fiscais até 2025, o mercado reagiu positivamente, valorizando o Real. 

Nos Estados Unidos, a vitória de Donald Trump no primeiro debate presidencial e dados econômicos mistos influenciaram o fortalecimento do Dólar. Na Zona do Euro, dados de PMI mostraram desaceleração, mas superaram expectativas, e a inflação apresentou estabilidade. No Reino Unido, o PMI também desacelerou, e a vitória do partido trabalhista nas eleições gerais indicou insatisfação com o Brexit.

Quer saber mais sobre Brasil, EUA, Zona do Euro e Reino Unido? Acompanhe a seguir os desdobramentos destes e outros acontecimentos.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,5955 na segunda-feira (1/jul), um nível 2,6% superior à abertura da semana anterior (24/jun). A cotação da moeda estrangeira registrou desvalorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (5/jul) cotado a R$5,4909, patamar 0,3% inferior à abertura da sexta-feira anterior (28/jun). Entre as aberturas desta sexta (5/jul) e da segunda-feira da semana anterior (24/jun), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 0,7%.

A cotação do Real diante do Dólar iniciou a semana sob forte estresse, apresentando sensível desvalorização. As incertezas do mercado com relação ao cumprimento da meta fiscal somada às falas do presidente Lula contra a política monetária fez com que o mercado reagisse, provocando uma fuga de capitais do país.

No entanto, após uma reunião entre Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acertou-se um compromisso de que o governo se esforçará para cumprir o compromisso fiscal estabelecido não só para 2024 como para 2025. Isso foi o suficiente para que o mercado revertesse seu pessimismo, valorizando o Real.

Os dados econômicos e as informações políticas nos Estados Unidos também tiveram parcela significativa na cotação do Dólar. A vitória de Donald Trump no primeiro debate presidencial aumentou as chances dele voltar a ser presidente do país, contribuindo para o fortalecimento da moeda norte-americana. Com relação à economia, os dados do mercado de trabalho vieram piores do que o previsto e reforçam a percepção de que a economia do país possa estar desacelerando, por outro lado, o índice de inflação melhorou na margem, mas ainda permanece acima da meta, lançando dúvidas sobre os próximos passos do Fed.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (1/jul) cotado a R$5,9853. Na abertura desta sexta-feira (5/jul), a cotação foi de R$5,9367. Portanto, houve uma valorização de 0,8% do real frente à moeda europeia, revertendo a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0718 na segunda (1/jul) para US$1,0812, nesta sexta (5/jul). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,9% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).

A semana na Zona do Euro iniciou com a divulgação dos dados de PMI Industrial e o PMI Composto, que mostraram desaceleração nas principais economias do bloco bem como no bloco como um todo, no entanto, os números vieram, na sua maioria, acima do que o mercado estava esperando.

Também foi divulgada a prévia do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) que mostrou estabilidade na inflação mensal e ligeira queda na comparação anual. Analisando a prévia do núcleo do índice (exclui alimentos e energia) mostrou comportamento semelhante, com estabilidade mensal e queda marginal na comparação anual. Já o índice de preços ao produtor (IPP) continua apresentando deflação, mas esta vem perdendo força tanto na comparação mensal como na que havia apresentado crescimento marginal. Os resultados apontam que o Banco Central Europeu acertou ao cortar a taxa de juros em maio, seja pela letargia da atividade econômica, seja pelas menores pressões inflacionárias vinda do consumo de bens. 

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (1/jul) cotada a R$7,0754, patamar mais alto que o registrado nesta sexta-feira (5/jul), R$7,0027. Trata-se de uma valorização de 1,0% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de valorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa ganhou força no decorrer da semana, revertendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (5/jul) cotada a US$1,2761 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2645, uma valorização de 0,9% da moeda britânica em relação ao dólar.

O PMI Industrial e o Composto do Reino Unido apresentaram desaceleração na comparação mensal; o primeiro veio abaixo da expectativa de mercado enquanto o segundo veio acima. Ambos os indicadores mantêm-se acima de 50 pontos, o que indica expansão.

A semana do ponto de vista de indicadores econômicos foi bastante morna mas no âmbito político acabou sendo bastante agitada. As eleições gerais aconteceram no dia 04 e mostraram a vitória do partido trabalhista, encerrando 14 anos do partido conservador no poder. O tamanho da vitória mostra a insatisfação da população britânica com questões sensíveis como o Brexit e suas implicações, como por exemplo, o aumento no custo de vida.

A volta do partido trabalhista ao poder tranquilizou o mercado, o que deve refletir em uma Libra estável diante das principais moedas do mundo como o Dólar e o Euro. A estabilidade na moeda britânica deve ser mantida em relação à moeda brasileira nos próximos dias.

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Perspectivas

Após o mercado cambial iniciar a semana sob forte tensão, que provocou elevada desvalorização do Real frente o Dólar, o “acordo” selado entre o presidente Lula e o Ministro da Fazenda Fernando Haddad sobre as questões fiscais fizeram com que a moeda norte-americana invertesse a trajetória e terminasse a semana abaixo do patamar observado na segunda-feira.

No entanto, os fatores externos que têm contribuído para o fortalecimento do Dólar (maior possibilidade de Donald Trump vencer as eleições e manutenção dos juros nos Estados Unidos) devem permanecer e manter o preço do Dólar no corredor entre R$5,40 e R$5,50 ao longo dos próximos dias.

O valor do Euro seguiu trajetória similar de crescimento no seu preço no início da semana e depois uma inversão de tendência encerrando a semana abaixo do valor observado no começo dela. Caso os dados da inflação da Alemanha venham bem acima do esperado, o que é muito improvável, poderá haver ruído no mercado cambial, pois assim aumentaria as possibilidades do BCE em manter a taxa de juros na próxima reunião.

A confirmação de que o novo governo britânico será do Partido Trabalhista deve manter a Libra em compasso de espera, aguardando as novas diretrizes governamentais. A divulgação dos dados do PIB poderá revelar uma recuperação modesta da atividade econômica, mas com inflação ainda acima da meta. Isso deve ser suficiente para que o Banco da Inglaterra (BoE) mantenha os juros no atual patamar, o que contribuiria para manter forte a moeda britânica. 

Seguimos de olho.

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