De Olho no Câmbio #288: Real sob ataque

Dinheiro, Real Moeda brasileira

A moeda americana voltou a se valorizar em relação às moedas de países emergentes, como o Real, mesmo com expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro, devido ao aumento das tensões no Oriente Médio. Na super-quarta, tanto o Fed quanto o Copom mantiveram as taxas de juros inalteradas, com comunicados mais brandos do que o esperado. Nos EUA, o presidente do Fed indicou a possibilidade de cortes de juros na próxima reunião, mas isso não favoreceu o real, que chegou a ser cotado a R$5,7935 na manhã desta sexta-feira (2). A volatilidade cambial é atribuída às tensões no Oriente Médio e às preocupações com a desaceleração econômica na China. Na Zona do Euro, indicadores preliminares do PIB superaram as expectativas para o bloco, França, e Espanha, mas a queda de 0,1% na Alemanha revelou fragilidades. Os resultados preliminares do IPC mostraram desaceleração dos preços na Europa, sugerindo possíveis cortes de juros pelo BCE.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,6665 na segunda-feira (29/jul), um nível 1,3% superior à abertura da semana anterior (22/jul). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (02/ago) cotado a R$5,7528, patamar 1,9% superior à abertura da sexta-feira anterior (26/jul). Entre as aberturas desta sexta (02/ago) e da segunda-feira da semana anterior (22/jul), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 2,9%.

A moeda americana voltou a se valorizar rapidamente em relação às divisas de países emergentes, mesmo com o aumento das expectativas de um corte de juros pelo Federal Reserve em setembro. Parte dessa deterioração nas cotações de moedas não-conversíveis, como o real, é atribuída ao aumento das tensões no Oriente Médio.

A semana foi marcada por intensa movimentação dos bancos centrais, destacando-se mais uma super-quarta, quando as decisões do Fed e do Copom ocorrem simultaneamente. Tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, as taxas de juros foram mantidas inalteradas em 5,50% e 10,50%, respectivamente, e ambas as decisões foram acompanhadas por comunicados mais brandos do que o esperado.

Nos Estados Unidos, em particular, o comunicado foi brando, mas o presidente do Fed conseguiu ser ainda mais dovish e chegou a confidenciar aos jornalistas que alguns membros do comitê de política monetária chegaram a discutir a possibilidade de corte de juros nesta reunião. Ao que tudo indica, se os números forem favoráveis, os EUA devem começar o ciclo de cortes de juros já na próxima reunião, marcada para setembro.

Toda essa leitura, de cortes de juros nos Estados Unidos, deveria favorecer a moeda brasileira, mas não foi isso que aconteceu. A moeda brasileira acompanhou o movimento externo e chegou a ser cotada a R$5,7935 no pregão desta sexta-feira.

A explicação mais plausível para este movimento vem do Oriente Médio e da China. No Oriente Médio um ataque com míssil à capital do Irã tirou a vida do líder do Hamas e os mercados ficaram apreensivos com uma eventual resposta do país persa. Na China, crescem os temores de que a atividade econômica local esteja perdendo parte do ritmo, o que poderia afetar o mundo todo.

No mais, existem indícios de que a moeda brasileira esteja passando por mais um ataque especulativo, afinal de contas nem mesmo o notável arrefecimento do mercado de trabalho americano e a possibilidade de cortes de juros pelo Fed em setembro trouxeram alívio.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (29/jul) cotado a R$6,1532. Na abertura desta sexta-feira (02/jul), a cotação foi de R$6,1885. Portanto, houve uma desvalorização de 0,57% do real frente à moeda europeia, aprofundando a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0864 na segunda (29/jul) para US$1,0787, nesta sexta (02/jul). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 0,7% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).

A semana na Zona do Euro iniciou com a divulgação de indicadores preliminares do PIB e do IPC para as principais economias. Com relação às prévias do PIB, os resultados referentes à Zona do Euro, França e Espanha vieram acima do que o mercado projetava, o que pode sinalizar uma robustez maior da atividade econômica. No entanto, a queda de 0,1% na Alemanha contrariou as expectativas do mercado e evidencia a fragilidade da maior economia do bloco. Já as prévias do IPC, os resultados locais mostraram forte desaceleração na Espanha, estabilidade na França e ligeira aceleração na Alemanha e Itália. Os resultados, caso confirmados, podem indicar que o Banco Central Europeu (BCE) terá alguns incentivos para um novo corte na taxa de juros na próxima reunião.

Ainda dentro do bloco europeu, a taxa de desemprego na Alemanha manteve-se em 6,0% em linha com a projeção do mercado. Esse é mais um dado que reforça a tese de estagnação da economia alemã. 

A divulgação dos dados do PMI apresentou comportamento misto com relação aos países e estabilidade no bloco como um todo. A Itália apresentou crescimento na comparação mensal e veio acima do que o mercado estava projetando; por outro lado, Espanha, França e Alemanha desaceleraram. Importante ressaltar que apenas a Espanha encontra-se acima de 50 pontos, terreno que indica expansão da atividade econômica.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (29/jul) cotada a R$7,2950, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (02/jul), R$7,3207. Trata-se de uma desvalorização de 0,35% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, mantendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (02/jul) cotada a US$1,2727 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2874, uma desvalorização de 1,14% da moeda britânica em relação ao dólar.

A semana econômica no Reino Unido teve a reunião do Banco da Inglaterra (BoE) como grande destaque. Em decisão dividida (5 a 4), a autoridade monetária decidiu pelo corte de 0,25% na taxa básica de juros. A divisão dos diretores refletem o dilema no qual a economia do Reino Unido passa: inflação ainda distante da meta e atividade econômica recuperando-se ligeiramente. A redução na taxa de juros teve efeito no valor da Libra Esterlina que se desvalorizou com relação ao Dólar

Essa ligeira recuperação da economia pode ser vista no resultado divulgado do PMI. O número mostrou aceleração na comparação mensal, veio acima do que o mercado estava projetando e encontra-se acima dos 50 pontos, denotando que a atividade industrial continua se expandindo.

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Perspectivas

Apesar do comportamento dovish do presidente do Banco Central dos Estados Unidos, neste momento parece improvável que o Real se valorize rápida e solidamente em relação à moeda americana nos próximos dias. Os riscos fiscais e a troca de comando do Banco Central do Brasil devem sustentar uma moeda mais desvalorizada ao longo dos próximos dias.

Na Europa, é muito provável que o Banco Central Europeu (BCE) retome o ciclo de cortes de juros depois da ligeira interrupção registrada em junho. O comportamento relativamente benigno da inflação associado à rápida e notável deterioração da produção industrial europeia abriram caminho para que o BCE opere mais um corte de 0,25% na taxa básica de juros do bloco europeu.

No Reino Unido, o corte de juros em decisão dividida indica que o Banco Central da Inglaterra (BoE) deve adotar uma postura cautelosa nas próximas reuniões, embora um novo corte de juros nos últimos meses do ano não possa ainda ser descartado.

Seguimos de olho.

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