Com pouco investimento e muito dinamismo, a lean startup é o modelo de negócio que precisa crescer em tempo baixo e com muitas perspectivas de desenvolvimento.
Startups são empresas de rápido aceleramento e construção de processos e estruturação dinâmica. Ainda assim, há um modelo mais ágil e mais enxuto, chamado Lean Startup. Desde sua concepção, essa modalidade de negócio tem crescido e inspirado empreendedores. Afinal, crescer muito, mesmo com pouco, é uma grande proposta.
Para isso ser possível, algumas técnicas precisam ser colocadas em prática. Uma Lean Startup trabalha com base em uma hipótese e, a partir dela, testa suas possibilidades junto ao público. O que acontece a partir disso é que vai definir os próximos passos dessa empresa. Entender como funcionam as etapas envolvidas nesse processo é essencial.
Neste conteúdo, vamos tratar a ideia de Lean Startup com mais detalhes, mostrando como funciona, de que maneira se diferencia de modelos tradicionais e quais as vantagens. Acompanhe para aprender mais!
O que é uma Lean Startup?
A metodologia Lean Startup é um modelo de criação e gestão de startups baseado em esforços mais direcionados, com uma aplicação mínima de recursos. Assim, essas companhias lançam produtos e serviços que vão validar hipóteses, fazendo isso de maneira muito próxima do consumidor e buscando feedbacks dessas pessoas.
Essa ideia que o termo “lean”, ou seja “enxuto”, traz para o conceito é justamente buscar processos mais dinâmicos, com um tempo menor de desenvolvimento de plano de negócios. Logo, os processos são mais rápidos e as ideias são levadas ao mercado antes de modelos tradicionais, o que permite também ter uma resposta antecipada do público.
Lean Startup é uma criação de Eric Ries, um dos grandes nomes no meio corporativo e que ajudou muitas startups a darem seus primeiros passos. Para ele, a ideia de uma startup enxuta é importante para que possibilidades sejam testadas com maior dinamismo.
Assim, empreendedores passam menos tempo desenvolvendo conceitos, estudando o mercado e pensando em um plano de ação.
É quase um caminho contrário. A ideia considerada boa é rapidamente formulada para ir ao mercado, é então lançada e, a partir disso, é mensurada a recepção do público em relação a esse produto. Nesse processo, houve menos tempo de concepção, menor investimento e maior rapidez na hora de receber o feedback do consumidor.
Minimum Viable Product (MVP) é conceito essencial
Para entender como funciona essa dinâmica de entrega de produtos ao mercado, precisamos passar pelo conceito de MVP. Trata-se do desenvolvimento de um produto com uma entrega mínima, mas qualificada, em que há o menor investimento de tempo e recursos possíveis.
A proposta de um MVP é testar hipóteses e entender se a ideia central de um produto fará sentido para o público. Assim, com um esforço e investimento mínimo, é possível saber se determinada ideia funciona bem. É por meio do MVP que uma Lean Startup consegue ter esse retorno de suas ideias em tempo curto e com esforços reduzidos.
Se faz necessário pontuar, no entanto, que MVPs não são protótipos ou produtos de baixa qualidade. Na verdade, eles funcionam perfeitamente e entregam sua finalidade principal com precisão.
A única diferença para um produto tradicional é que não são completos em nível de recursos adicionais e funcionalidades. É menor em extensão de possibilidades, mas altamente qualificado na sua proposta central.
Para que um MVP realmente traga respostas estratégicas para a Lean Startup, é preciso também saber o que você quer validar. O papel central desse modelo mínimo de produto viável é testar suas hipóteses e entender como o público se comporta diante delas.
Então, será preciso colocar no papel quais são as ideias que você deseja entender se fazem sentido ou não para seu público, para então buscar a verdade diante delas.
Lembre-se também de que MVP é um método de aprendizado em relação ao seu público. Quando você lança um produto no mercado, tradicionalmente será possível ter respostas e entendimento em relação ao usuário somente com o consumo normal.
Em MVP, pense de maneira estratégica: todos os feedbacks e dados de uso coletados são, na verdade, uma resposta à ideia central que a empresa tem. Agora, se o negócio ainda não consegue pensar em hipóteses a serem validadas, talvez seja porque não há uma razão principal por trás da ideia de produto.
Mesmo se tratando de Lean Startups, não faz sentido mandar ao mercado um MVP sem haver uma hipótese e uma proposta de valor para o público a serem testadas. Pode ser o caso de esperar um pouco mais até essa ideia surgir.
Canvas é base importante para o trabalho
O Canvas é o método de análise mais importante no início da concepção de uma Lean Startup. Isso acontece porque, diferentemente das empresas tradicionais, a criação do negócio deve ser mais ágil e com foco em uma proposta de valor central. É isso que vai guiar a criação de um MVP e permitir que a empresa dê seus primeiros passos.
No desenvolvimento do Canvas, será possível entender de que maneira a empresa vai gerar valor para o público e, a partir disso, ter um modelo sustentável e lucrativo de negócio. A partir daí, a hipótese principal vai surgir, o que permitirá que as pessoas empreendedoras consigam enxergar o primeiro direcionamento da startup.
Customer Development
Outro pilar essencial da ideia de Lean Startup é o desenvolvimento com base no consumidor, proposta chamada Customer Development. A essência dessa prática propõe justamente a validação de hipóteses a partir do que o consumidor entregou como resposta. Ou seja, após o produto ter sido lançado e usado por essas pessoas.
Além de captar dados e percepções de uso, a empresa deve realmente aprofundar a abordagem, fazendo pesquisas e entrevistas com usuários e potenciais clientes. Assim, é possível assimilar as percepções mais importantes para entender como determinada hipótese realmente fará sentido diante dessas pessoas.
É o MVP que vai ser a entrega principal que trará esse feedback do público, visto que é o produto concreto. Durante essa fase de pesquisa e captação de opinião, atente para entender o que as pessoas pensaram sobre pontos como:
- a relevância da proposta de valor do produto;
- as características deste produto;
- onde o produto pôde ser encontrado;
- o preço;
- a funcionalidade.
Como uma Lean Startup se diferencia de outros modelos?
Um dos caminhos para entender as diferenças entre uma Lean Startup e um modelo tradicional de empresas é analisando a forma como cada tipo trata processos. As diferenças são realmente marcantes e, por trás de cada maneira de conduzir essas questões, fica fácil detectar por quais razões cada escolha é feita.
Há alguns momentos em que se pode detectar essas diferenças de maneira mais clara, facilitando a compreensão de como funciona uma Lean Startup. Entenda!
Na estratégia
Vamos começar nossa comparação definindo como é a estratégia de uma empresa tradicional. Nesses formatos, há um processo mais extenso, desde a concepção do negócio. A ideia é definir de maneira sólida e aprofundada qual é a proposta da empresa no mercado, o que vai exigir a definição de um plano de negócio muito mais detalhado.
Para que isso funcione, há todo um processo de estabilização da ideia, o que vai levar a uma introdução progressiva ao mercado. É também bastante comum que o desenvolvimento de produto seja trabalhado por mais tempo, uma vez que essas empresas já entregam uma versão final e completa, normalmente.
Na comparação, uma Lean Startup não trabalha com um plano de negócios, principalmente porque esse modelo demanda agilidade. O que substitui esse mecanismo de definição é o Canvas de análise de valor.
Portanto, em vez de perder tempo e aplicar esforços criando uma grande proposta comercial, a empresa apenas identifica qual valor pode gerar para si e para o consumidor.
Em vez de um plano de negócios, a empresa investe em seu modelo de negócios. Nesse caso, se trata em estruturar todas as suas ações em validação de hipóteses diante do consumidor. Assim, é possível ter respostas rápidas, faturamento em grande potencial e, como resultado principal, crescer a empresa de maneira exponencial.
Na velocidade de crescimento e atuação
Uma empresa tradicional sabe que precisa respeitar seus processos para conseguir colocar no mercado seus produtos e se posicionar adequadamente. Essa companhia entende também que precisa de tempo para se desenvolver e alcançar o crescimento desejado. Não que seja a maneira certa, mas apenas o método tradicional.
Para toda ação de desenvolvimento e avanço, uma empresa tradicional faz análises completas com base nos dados que têm à disposição. Tudo é feito de maneira muito calculada e sem pressa. Além disso, as decisões são totalmente embasadas nas informações provenientes de dados extraídos de recortes e estudos estratégicos.
Com as startups enxutas, a velocidade não é uma consequência do modelo de negócio, mas sim, uma exigência básica. Praticamente um dos pilares principais dessa proposta. Não importa se há todos os recursos à disposição ou se não há certeza suficiente: a empresa inova, age e trabalha somente com o que tem como base naquele momento.
Muitas vezes, essa aceleração vai demandar a tomada de decisões sem um volume de dados de embasamento realmente aprofundado. Isso é algo totalmente previsto no modelo, mas é uma questão que pode ser amenizada pela ideia de tentativa, erro e tentativa. Com muitos testes sendo feitos em ritmo incessante, acertar vai ser uma consequência natural em algum momento.
No processo de criação de produtos
A concepção de um produto é um processo mais longo no contexto de negócios tradicionais. Essas empresas entendem que é importante fazer uma grande pesquisa, estudar comportamentos e entender a viabilidade daquele produto. Todas essas etapas são feitas com base em análises e estudos dentro da empresa, nem sempre no contato direto com o consumidor.
De maneira geral, são muitos testes, protótipos, mas sem que esses produtos cheguem ao mercado. Quando são lançados, a ideia da empresa é que estão totalmente prontos, ainda que haja o risco de o mercado não encarar dessa forma. Nas empresas tradicionais, as etapas formam uma sequência altamente estruturada e linear.
O mesmo não acontece nas Lean Startups. Tudo que essas empresas visam com um produto é colocá-lo no mercado o mais rápido possível para testar hipóteses. Se o time de desenvolvimento tem uma ideia que vai gerar valor à empresa enquanto desperta interesse no público, a decisão será lançá-lo da maneira que for possível.
Seguindo a ideia de recursos restritos e velocidade, a startup enxuta vai garantir que essa proposta de valor seja sintetizada em um produto igualmente enxuto, mas interessante. Assim, como resultado dessa estratégia, os MVPs são criados. Após ir ao mercado, os feedbacks são colhidos dos consumidores, o que serve para atestar se a ideia era realmente válida ou não.
Nos possíveis insucessos
Os insucessos precisam ser encarados não como uma possibilidade, mas como uma realidade. Um dia eles chegarão e, quando for algo concreto, é preciso saber lidar. As empresas tradicionais encaram esses insucessos de maneira mais impactante, praticamente “cortando o mal pela raiz”, no português claro.
Esses negócios têm como postura principal abandonar o projeto que não deu certo por completo, fechando aquela ideia e seguindo em frente. Em muitas vezes, as cobranças podem ir um pouco mais além do que somente encerrar a ideia. Pessoas que lideraram os projetos e executivos podem ser responsabilizados e, como consequência, desligados.
Nas startups enxutas funciona de maneira diferente. Nesse método, há a crença de que tudo pode ser aproveitado, ainda que como um marco no crescimento da empresa. Por vezes, a base da ideia (hipótese) era boa, mas a proposta de valor não foi pensada da maneira certa. Nesse caso, o que foi oferecido como produto não se destacava diante do cliente.
Isso já aconteceu com muitas startups que souberam como reutilizar sua base de desenvolvimento para pensar em outra hipótese e proposta de valor a ser testada. É muito comum que isso seja feito com produtos digitais. O método é chamado pivot.
A Netflix, por exemplo, começou como uma assinatura de DVDs que chegavam na casa das pessoas e, hoje, mantém o modelo de adesão, mas a oferta de títulos é digital e por streaming. A mudança não foi consequência de um insucesso, mas sim, de um movimento do mercado.
Como aplicar a metodologia lean em startups?
A aplicação da metodologia depende de um ciclo de ações definido por Eric Ries no momento de criação do método. Ele nomeou essa sequência de etapas como build-measure-learn, ou seja “construir-mensurar-aprender”.
Chamado ciclo de feedback, esse processo consiste justamente nessa tentativa de chegar às respostas do público, fazendo isso de maneira rápida desde o primeiro momento. Assim, é possível recomeçar esse ciclo ou decidir os próximos passos, tudo dependendo dos resultados.
A seguir, veja como o ciclo de feedback é constituído, entendendo como funciona cada etapa na aplicação da ideia de Lean Startup nas empresas.
Concepção e lançamento
A concepção é o momento de criação do MVP. Aqui, é bastante simples: há uma hipótese e ela será validada por meio desse produto lançado no mercado. Este momento precisa ser bastante ágil e com foco em entregar uma proposta de valor realmente sólida ao público.
Antes do lançamento, é importante definir também o que será mensurado durante o período em que o produto em questão estará em uso no mercado. Portanto, determinar métricas e indicadores é importante, já que é por meio desses mecanismos que se poderá observar o sucesso da hipótese.
Mensuração
A mensuração é uma etapa contínua, em que há a captação da opinião do público consumidor, sempre com foco em entender o que essas pessoas estão achando. O ponto principal nesta fase é analisar se realmente há uma satisfação com o produto proposto.
Durante a fase de mensuração, algumas percepções estratégicas já poderão ser absorvidas pela empresa. Nada impede que isso gere um movimento de trabalho paralelo por parte dos desenvolvedores, já fazendo ajustes e melhorias naquele produto.
Análise
A análise é o momento de aprendizado. É a hora de olhar para trás e entender o que de positivo foi extraído. Naturalmente, nessa etapa a empresa terá a percepção mais concreta se a proposta de valor foi bem recebida pelo público e se a hipótese era realmente válida.
Com o aprendizado absorvido, é hora de tomar uma decisão importante. Aqui, são dois caminhos: perceber que a resposta foi positiva e continuar trabalhando neste produto para que ele seja completo, ou perceber que a hipótese não foi validada, e então, pivotar a partir do que se tem.
Quais são as vantagens do modelo?
A metodologia Lean Startup não é um sucesso à toa. Há muitos pontos que fazem dessa abordagem mais enxuta um direcionamento estratégico bem-sucedido para muitas empresas. A seguir, mostramos algumas das principais vantagens em implementar esta forma de gestão e crescimento de startups.
Processos simplificados
O dinamismo e agilidade com que os processos são conduzidos no modelo Lean Startup representam também simplificação. Por exemplo, quando um Canvas é utilizado para definir uma proposta de valor em vez de um plano de negócios, isso fica claro. A ideia é chegar à fase de lançamento de um produto no mercado o mais rápido possível.
Essa simplicidade é relevante para que haja foco maior em pensar nas hipóteses e entender quais valores podem ser significativos para o consumidor. Esse método de trabalho tem uma base teórica fundamental, que é a de manter o foco no que é mais importante. Assim, os resultados chegam mais rapidamente e com maior precisão.
Baixo custo
A proposta de ser um método de gestão enxuto não fica só na teoria. A empresa trabalha com o que tem, muitas vezes baseada somente no talento de pessoas, para desenvolver soluções que consigam ter uma proposta de valor interessante. A intenção é realmente ter o projeto mais barato possível, mas ainda assim, altamente qualificado em sua oferta mínima.
Optar por processos simplificados também garante que os custos sejam bem mais baixos do que em um modelo tradicional. Essa busca pela aceleração e o uso de menores recursos possibilitam que a empresa gaste pouco em seus projetos. Assim, há um cenário em que o ROI é potencializado ao máximo.
Aprendizado constante
O principal indicador em uma startup do tipo é a resposta que o consumidor oferece sobre o produto que foi colocado no mercado. Para uma empresa enxuta, é muito importante testar, mudar e aplicar os aprendizados no produto. Assim, a opinião do consumidor é considerada material de capacidade única para a evolução da empresa.
Portanto, o aprendizado é fruto dessa postura de buscar entender o que funcionou e o que precisa melhorar junto do consumidor. Constantemente, esse feedback chega para a empresa e, dessa forma, há uma capacidade contínua de melhorar e alcançar não só bons resultados, mas o entendimento do público. Isso é fundamental para o sucesso do negócio em longo prazo.
Adaptabilidade
A adaptabilidade precisa ser uma característica das startups, o que se torna uma realidade no modelo enxuto. Isso porque os feedbacks podem trazer percepções variantes com o passar do tempo, desfazendo crenças que a empresa tinha. Uma vez que a sociedade muda suas percepções o tempo todo, acontecer essas variações faz parte do jogo.
Quase que de maneira natural, o modelo lean vai garantir maior adaptabilidade às empresas, quase como uma necessidade para a sobrevivência do negócio. Muitas vezes, se adaptar será preciso a partir das mensurações e percepções cotidianas vindas do consumidor.
Incentivo à inovação
Melhorias de destaque precisam ser trabalhadas o tempo todo nesses moldes de gestão. Muitas vezes, o crescimento da empresa está ligado às propostas de soluções altamente inovadoras e que vão solucionar problemas de consumidores. Para que isso realmente aconteça, é necessário que a empresa incentive a cultura da inovação ao colaborador.
Em uma realidade de Lean Startup, é praticamente fundamental que as pessoas tenham carta-branca para pensar em soluções inovadoras. Muitas vezes, são essas propostas que vão desbloquear a aceitação de um produto, validando uma boa proposta de valor que precisa ser levada ao mercado.
Sem dúvidas, montar uma Lean Startup requer qualificação e um time de pessoas altamente preparadas. No entanto, a exigência de tempo de preparação e recursos financeiros é muito menor. Este é um modelo interessante e que já deu vida a grandes empresas.
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Resumindo
A metodologia Lean Startup é um modelo de criação e gestão de startups baseado em esforços mais direcionados, com uma aplicação mínima de recursos. Assim, essas companhias lançam produtos e serviços que vão validar hipóteses, fazendo isso de maneira muito próxima do consumidor e buscando feedbacks dessas pessoas.
A aplicação da metodologia depende de um ciclo de ações definido por Eric Ries no momento de criação do método. Ele nomeou essa sequência de etapas como build-measure-learn, ou seja “construir-mensurar-aprender”.
– Concepção e lançamento;
– Mensuração;
– Análise.