A maioria dos textos noticiosos desta semana continham a palavra pânico, alguns optaram em deixá-la no título, para deixar claro o sentimento global. Esse estado de emoção não se dá ‘apenas’ pelo aumento do volume de pessoas infectadas pelo coronavírus, existem tantos outros elementos implícitos, como o conflito entre Rússia e Arábia Saúdita, que fica fácil de entender o motivo de tanto desespero.
O medo de um declínio da atividade econômica está em pauta há mais de um ano. O mercado espera, com resignação, pelo novo dia em que os ativos financeiros lhes escorram pelos dedos, e depois desta semana, parece que o processo, tão esperado, já começou. Será só um movimento agudo com data para acabar ou essa é só a primeira etapa de uma nova grande crise financeira, com impacto no valor do dólar?
Acompanhe!
Covid-19
O continente europeu continua envolto à situação quase que calamitosa do coronavírus. Na Itália, país com maior números de casos e mortes na Europa, já são mais de 10.000 casos e pouco mais de 1.000 mortes.
O governo italiano, tem se deparado com uma grave falta de estrutura. Segundo relatos, a ausência de leitos é grave a ponto de serem utilizados equipamentos de unidades intensivas em pacientes que não estão internado na UTI.
Ai que mora um dos maiores problemas do coronavírus. Para tentar estancar a propagação, o governo italiano resolveu colocar a região norte do país em quarentena e, logo em seguida, país todo.
Imagine o peso desta medida para os investidores!
Mesma coisa com os Estados Unidos que, se não foram colocados em quarentena, também emitiram um sinal de alerta global: o impedimento de voos da Europa para os Estados Unidos e vice-versa.
Inicialmente o mercado se perguntava: qual o impacto econômico no covid-19 na segunda maior economia do mundo? Agora a preocupação é global.
A propósito, é da China que vem as melhores notícias. Esta semana o governo chinês anunciou, pela primeira vez desde o início da epidemia, novos casos diários abaixo de dois dígitos. Segundo o governo local o pior já passou.
Faltam Europa, Sudeste Asiático, Américas e Oceania também emitirem esses sinais.
Até lá, teremos que conviver com o medo e com o peso das palavras. Nesta semana a OMS declarou o coronavírus como pandemia.
Divergência entre Rússia e Arábia Saudita sobre produção global de petróleo
Como se não bastasse o coronavírus, Rússia e Arábia Saudita entraram em atrito em função da queda dos preços do petróleo no mercado internacional.
Não é algo exclusivo deste ano ter mais de uma ocorrência econômica ou social grave, de forma concomitante.
Em 2011, quando o mundo ainda ensaiava os primeiros passos mais firmes após a crise do subprime, veio a crise da dívida soberana dos países europeus, entre os quais destaca-se a Grécia.
O ambiente que era de reconstrução até aquele momento, passa a ser de tensão e medo. O mundo mergulhara, de novo, em uma nova onda de volatilidade.
Pois bem, sairemos dessa, com certeza, mas até lá teremos que nos acostumar com o ‘barraco’ asiático.
Arábia Saudita e Rússia, que segundo a OPEP deveriam entrar em acordo pela redução da produção de petróleo, estão agora aumentando as respectivas produções, o que deve colocar o preço da commodity ainda mais para baixo.
Mais relevante que o preço do petróleo é a desarticulação do sistema. Rússia e Arábia Saudita vinham caminhando juntas quando o assunto era petróleo, essa colaboração mútua parecer ter se desfeito momentaneamente.
Os resultados disso devem ser sentidos em todo o mundo, não apenas com a queda da inflação. Pode haver alguma crise sobre o setor de xisto nos Estados Unidos, nas condições de política monetária no médio e longo prazo, e até na capacidade estatal de estancar essa sangria caso ela seja excessivamente prolongada.
Ações dos governos
A única coisa que causa certo conforto no meio de tamanha instabilidade econômica e social é a mudança do modus operandi dos países centrais diante da crise.
A maioria dos países com casos elevados de coronavírus aproveitaram a oportunidade para ressaltar aquilo que já vinha sendo dito há alguns meses: o mundo precisa de políticas fiscais.
Infelizmente, dinheiro dentro dos bancos não necessariamente se transforma em leitos de hospital. As pilhas de dinheiro que são jogadas aos montes pelos bancos centrais desde 2008 não conseguirão, sem a ação humana, salvar uma só vida.
Diante disso, Estados Unidos e alguns países da Europa, já disseram estar comprometidos com redução de impostos, aumento dos gastos do governo na área da saúde e outras atividades que envolvem a arrecadação de impostos e os gastos do governo.
Se o covid-19 foi o estopim de uma crise que o mundo espera há mais de uma década, pode ser ele também o divisor de águas nas políticas econômicas. Colocar de pé aquelas que permitirão ao mundo crescimentos robustos, como os vistos antes da crise de 2008 em detrimento daquelas que, se não permitem que o mundo caia em uma recessão sem fim, também acabam tolhendo nossa capacidade de crescer e gerar emprego de verdade.
Perspectivas
Ainda é cedo para estimar o fim da pandemia de coronavírus e da tensão em torno do petróleo, portanto, os próximos dias serão alternados entre as quedas dos mercados de ações e de câmbio e os aumentos decorrentes de alguma especulação.
No médio e longo prazo, a despeito da possibilidade de aumento das dívidas, sobretudo dos países centrais, uma política mais interessante da economia global pode trazer boas surpresas, especialmente para os países ‘subdesenvolvidos’.
Por enquanto, infelizmente, a palavra é…pânico!
Veremos!